Em entrevista ao Correio, governador manifesta o desejo de que seu partido, o PSB, apoie Ciro Gomes, do PDT, nacionalmente
CORREIO BRAZILIENSE
(foto: Luis Nova/Esp. CB/D.A Press)
O governador
do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), defende, nesta entrevista
exclusiva ao Correio, a necessidade da tomada de posição de seu
partido. Diz que a sigla não pode ficar inerte às movimentações presidenciais,
especialmente por não ter candidato próprio.
Na visão de
Rollemberg, é preciso encontrar o candidato ideal para o momento político e
econômico do país e, por isso, quer que o partido apoie nacionalmente Ciro
Gomes (PDT), um candidato que, nos últimos dias, passou a sofrer ataques das duas maiores legendas do
Corgresso: PT e MDB.
No entanto,
a costura dessa aliança, que poderia garantir o apoio do PDT-DF à reeleição do
governador, enfrenta uma série de resistências, não só no Distirto
Federal como também em outras unidades da Federação. A seguir
os principais trechos da entrevista:
O movimento do tucano Alckmin em relação ao
palanque único em São Paulo não facilita o acordo entre PDT e PSB?
O (governador
de São Paulo) Márcio França (PSB) foi um vice extremamente leal ao Alckmin e
sempre manifestou publicamente a posição do PSB de apoio a ele. É claro, pela
importância de São Paulo, se o PSDB de lá manifestasse o apoio formal à
candidatura do Márcio (o que não houve), ia colocar o PSB em posição de quase
obrigatoriedade de apoiar o Alckmin. Uma posição de neutralidade neste momento
para Márcio França não vai ajudar em nada a candidatura dele. Com a tradição do
PSB, a neutralidade de não ter um candidato para presidente em um momento muito
delicado do país seria muito ruim. Por isso defendo o apoio ao Ciro.
Por que a demora do PSB em se definir?
Está
demorando em função da diversidade que temos no país, do ponto de vista das
questões regionais, mas que precisam ser superadas em função do interesse
nacional. No Nordeste, principalmente em Pernambuco, é muito grande a força do
ex-presidente Lula. Nesse caso, o governador Paulo (Câmara) ainda sonha com o
apoio do PT. Por outro lado, Márcio gostaria que o partido apoiasse o Alckmin.
Ficou muito
claro, tanto
para um quanto para outro, que o PSB se dividiria, com prejuízo enorme para o
partido, em apoio à candidatura do PT e do Alckmin. Hoje, o partido teria dois caminhos: ou apoia Ciro, ou
opta pela neutralidade na disputa presidencial. É inaceitável, para
o PSB, nesse momento do país, não ter uma posição definida. Por isso defendo
que o candidato que reúne as melhores condições para unificar o campo
progressista é Ciro Gomes. Ele consegue unificar o partido. Porque, neste caso
específico, ainda que não seja preferência do Márcio e do Paulo, ele não
criaria dificuldades nem constrangimento para nenhum dos dois, nem no plano
nacional, nem no ideológico, nem no plano local.
Com qual prazo o senhor trabalha para o acordo com
o PDT?
O prazo é o
legal, 5 de agosto. Não estou falando que o PSB está sendo omisso, que fique
claro. Espero que, até lá, tenhamos uma posição que não seja de neutralidade. O
tempo político é importante para o partido. Tem uma ansiedade nos diretórios
nacionais de que essa decisão ocorra antes do prazo jurídico, porque depende
até para a candidatura nacional. Se o PSB apoiar a candidatura do Ciro, terá
mais possibilidade de atrair outros apoios e se fortalecer.
Essa indecisão imediata atrapalha as alianças
regionais. É o caso do DF?
É importante
o apoio do PDT em Brasília, e, portanto, a candidatura do Ciro facilita o
entendimento aqui. Mas, independentemente disso, a questão central é pensar no
Brasil. Conhecendo o PSB e todas as adversidades que há nos estados, o melhor
caminho é apoiar Ciro. Ele tem a capacidade de unificar partidos do campo
progressista, como o PCdoB e o Solidariedade, por exemplo. Entendo que o
PSB pode e deve compor a chapa do Ciro. Defendo o nome do Márcio Lacerda para
ser vice do Ciro. O que o PSB não pode é não ter posicionamento, porque é como
se o partido não estivesse à altura das aspirações atuais que a população tem
no momento.
(foto: Luis Nova/Esp. CB/D.A Press)
Esse movimento do centro-direita que tenta minar a
candidatura do Ciro e essa indefinição do PSB dão mais fôlego aos ataques a
Ciro?
É muito
provável que o Bolsonaro vá para o segundo turno. E isso dificulta o
crescimento do Alckmin. O Álvaro Dias (SD) também atrapalha o Alckmin. Se não
fortalecermos a candidatura do Ciro, muito possivelmente haverá um segundo
turno entre Bolsonaro e um candidato do PT. E isso não é bom pro Brasil. Acho
que o PT terá um papel importante no segundo turno, mas entendo que não será
bom para o país. A única forma de isso não ocorrer é se fortalecermos a
candidatura do Ciro.
Mas sem os apoios dos governadores de São Paulo e
Pernambuco isso fica muito difícil.
A posição do
partido é conjunta. A gente tem discutido isso de forma muito fraterna, com
todas as lideranças do PSB. Tenho muita confiança de que vamos construir essa
aliança por um consenso, por um grande entendimento partidário. O importante é
que não demore tanto. Quanto mais rápido fizermos isso, mais rápido teremos
possibilidades de fortalecer uma candidatura nacional, que possa dar um rumo ao
Brasil e, ao mesmo tempo, fortalecer também os arranjos estaduais.
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